EXCLUSIVO – Autora da denúncia que resultou na prisão de psicólogo em Brusque diz que filho foi abusado na segunda sessão

Perícia comprovou que a criança, autista e portadora de um transtorno, sofreu toque físico; suspeito segue preso

EXCLUSIVO – Autora da denúncia que resultou na prisão de psicólogo em Brusque diz que filho foi abusado na segunda sessão

Perícia comprovou que a criança, autista e portadora de um transtorno, sofreu toque físico; suspeito segue preso

O jornal O Município conversou, com exclusividade, com a mãe do menino de 8 anos que, segundo ela, foi abusado pelo psicólogo Guilherme Silveira, que atende em um consultório em Brusque. O caso teria ocorrido em abril deste ano. Na última sexta-feira, dia 30, o profissional foi preso em seu local de trabalho e passou a ser oficialmente investigado pelo crime.

A prisão de Guilherme foi efetuada por meio de mandado cumprido pela Polícia Civil. A criança foi submetida a exames na Polícia Científica, que constataram a presença de espermatozoides em uma das peças de roupa utilizadas pelo menino.

Os pais denunciaram o caso à polícia, que considera a atitude da mãe fundamental para o andamento das investigações. Ao notar mudanças no comportamento do filho, ela manteve um diálogo aberto com a criança, o que permitiu a revelação dos fatos.

A conversa com a mãe contou com a presença das advogadas Camila Henle e Karine Eyng, do escritório Eyng e Henle Advogados Associados, que representam a família. Os familiares afirmam que desejam manter o anonimato e preservar sua intimidade, mas sem deixar de “fazer um alerta à sociedade brusquense”.

Também com exclusividade, a equipe de reportagem apurou, por meio de uma fonte, que Guilherme segue preso e está detido, provavelmente, na Unidade Prisional Avançada (UPA). A medida é considerada padrão após a realização da audiência de custódia.

Alerta de tema sensível – Esta matéria aborda o relato de abuso infantil, conteúdo que pode ser impactante para alguns leitores. Recomendamos a leitura com cautela.

Crime no segundo atendimento

Segundo a mãe do menino, os atendimentos com o psicólogo iniciaram em março de 2025, por indicação de uma psicopedagoga, já que a criança é autista grau nível 2 e possui transtorno opositor desafiador (TOD). Com Guilherme, teriam ocorrido apenas duas sessões.

“Ele (vítima) vem fazendo terapias em razão do diagnóstico de autismo e TOD com o intuito de ter qualidade de vida, só não imaginávamos que em apenas duas consultas um crime tão horrível seria cometido contra nosso filho”.

Ao ser questionada se, em algum momento, notou algo estranho na postura do psicólogo, a mãe relata que houve “falas muito suspeitas” por parte de Guilherme. Segundo ela, já na primeira consulta, ele teria dito que ele e o filho dela “tinham um segredo”, o que acendeu o primeiro alerta para a família.

“Não há segredos entre nós e nosso filho dentro de casa, sempre ensinei que ele, a mamãe e o papai são os melhores amigos dele, e que sempre poderia falar tudo para nós. Além desse tipo de fala, na segunda consulta, que foi onde agimos, o sujeito (psicólogo) veio com dizeres estranhos como: ‘quando o rato sai os gatos fazem a festa’ e novamente na questão do segredo entre meu filho e ele. Eu como mãe protetora já desconfiei imediatamente que algo estava errado”.

No dia específico em que suspeitou que algo estava realmente errado — especialmente após os comentários feitos por Guilherme e o fato de ele ter pedido que a família não forçasse o menino a falar sobre o “tal segredo”, sob o argumento de que isso poderia atrapalhar a terapia —, a mãe conta que começou a pensar em uma forma cuidadosa de abordar o assunto com o filho.

“Imediatamente nos reunimos na sala de TV, onde coloquei um filme infantil, e no mesmo momento meu filho começou com gestos obscenos, oportunidade em que lhe indaguei onde ele havia aprendido isso. Então da forma dele acabou me relatando tudo, o que havia acontecido no consultório do sujeito, relatos muito fortes e muito dolorosos para mim como mãe ter ouvido”.

Medidas tomadas com urgência

Por se tratar de uma acusação grave, a mãe afirma ter escutado com atenção cada frase dita pelo filho. Embora o menino nunca tenha relatado nada semelhante em casa, a família acreditou de imediato em seu relato. Diante da situação, procuraram uma pessoa de confiança, que orientou os pais a levarem a criança ao hospital.

“No mesmo dia (da ida ao hospital) foi acionada a Polícia Militar, feito então o boletim de ocorrência, onde nós orientaram o corpo de delito e levar suas vestimentas para análise”.

Após levar o filho ao hospital, e as vestes à Polícia Científica para análise, a família aguardou o laudo pericial sair. “Entre a data do fato, ida ao hospital e registro da ocorrência foram três dias muito difíceis”, relata a mãe.

“Quero agradecer aos policiais militares e a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) que fizeram um papel exemplar, agilizando o máximo possível. Tão logo saiu o resultado do laudo pericial, no qual fomos orientados a manter sigilo, também contratamos advogados, poucos dias antes de sair a prisão preventiva, com a finalidade de que essa situação não saísse impune e pudéssemos ter um acompanhamento técnico sem sofremos tanto com o ocorrido”.

Segundo o escritório que representa a família, que possui acesso ao laudo pericial, foram constatados vestígios de esperma na roupa do menino, e que houve toque físico na criança, relatado pelo menor por meio de laudo psicológico feito na delegacia . Porém, o suspeito se negou a fazer o teste de compatibilidade e negou o crime.

“Há provas indicam que o menor foi sim tocado pelo profissional, entretanto, ainda mais após a prisão preventiva dele, não posso responder essa pergunta com maiores detalhes para não prejudicar e nem expor o andamento das investigações. O que posso dizer é que houve a coleta de diversos itens pessoais na casa do sujeito, itens que acredito que devem ser periciados e comparados com o material genético encontrado nas vestes da vítima”, manifestou o escritório que acompanha a família da vítima.

Reflexos atuais

A mãe afirma que as ações do suspeito deixaram traumas profundos, ainda visíveis no comportamento da criança.

“Meu filho, ao ouvir o nome do psicólogo, entra em crises muito fortes. Está sendo muito difícil, porque ele mudou completamente dentro de casa, na escola, em tudo. Não dorme à noite, grita pedindo socorro, implora para que o soltem. Está tomando medicações muito fortes e faz acompanhamento com duas psicólogas. Os danos causados são irreparáveis”, desabafa.

Ela destaca que todas as medidas que vem tomando são por justiça — não apenas pelo próprio filho, mas também pela menina que teria sido abusada pelo mesmo profissional em 2022, e por outras possíveis vítimas.

“Que as mães não tenham vergonha de conversar com seus filhos. O mundo está doente e não podemos confiar em mais ninguém. Levamos nosso menino para ser ajudado e, no fim, ele saiu prejudicado. Que essa notícia sirva de alerta para que qualquer vítima desse sujeito vá até a delegacia e registre boletim de ocorrência. Queremos apenas justiça.”

Por fim, a família e o escritório que a representam reforçam a importância de que outras mães de pacientes do psicólogo que tenham vivido situações semelhantes denunciem. “Já recebemos a informação de que outra mãe registrou boletim de ocorrência sobre um caso parecido, aparentemente esse anjo também possui deficiência. Denunciem”, alertam.

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