No campeonato amador, quando o árbitro apita e os 22 atletas começam a se enfrentar dentro de campo, as individualidades são deixadas de lado e todos os jogadores passam a ter a mesma importância. Mas a verdade é que cada um tem sua história, e poucos possuem um currículo tão importante quanto o goleiro Luciano Araujo.
Com cerca de 15 anos dedicados exclusivamente ao Poço Fundo pelos campeonatos municipais de futebol e futsal de Brusque, Luciano teve carreira profissional. Foi campeão catarinense da Série B com o Marcílio Dias em 1999 e, em 2000, disputou a final do estadual pelo Marinheiro, sagrando-se vice-campeão estadual.
Hoje empresário do ramo da construção civil, Luciano não abandona as luvas. Recentemente, foi peça fundamental para a conquista do Poço Fundo no Municipal de Futsal de Brusque, em partida que não apenas protegeu as traves como ninguém, mas também marcou um gol diretamente de sua área.
Carioca, maranhense e catarinense
Luciano nasceu no Rio de Janeiro, mas foi criado no Maranhão. Foi no estado nordestino que fez suas primeiras defesas, além de começar a atuar em times de base. Ainda na juventude, teve a oportunidade de disputar uma Taça BH, quando foi observado pelo São Paulo.
O goleiro passou a jogar na base do tricolor paulista e chegou a morar no Morumbi. Dali, passou por outros clubes de menor expressão em São Paulo. Depois disso, chegou a Santa Catarina para defender o Blumenau Esporte Clube. “Um grupo de empresários começou a levar atletas jovens para clubes do estado. Depois do BEC, cheguei ao Marcílio Dias em 1998 e fiquei até 2001”.
Foi no rubro-anil que Luciano obteve suas maiores glórias. Em 1999, ele conquistou o título do Campeonato Catarinense Série B. No ano seguinte, foi vice-campeão da elite estadual. “O Marcílio Dias ficou marcado na minha vida. Eu fui para duas finais de catarinense seguidas. Formamos um grupo unido, um ajudou o outro, e surpreendemos Avaí e Figueirense fora de casa. Mas, infelizmente, perdemos o título para o Joinville”.
Luciano encerrou a carreira profissional em 2002, após breves passagens por Tupi, de Gaspar, e Foz do Iguaçu.
Família Poço Fundo
Embora não tenha jogado profissionalmente em Brusque, foi no berço da fiação catarinense que Luciano encontrou estabilidade após o fim da carreira de jogador profissional. Sua esposa era do município e, portanto, a escolha por Brusque foi natural.
Logo surgiram as oportunidades para atuar nas equipes amadoras da região. “O primeiro time que eu representei foi uma junção do Centro com o São Luiz, em uma disputa Interbairros. Mas depois disso, nos campeonatos municipais, passei a defender apenas o Poço Fundo”, conta.
“A gente não tem a receita certa de nada, mas tentamos passar para os outros um pouco das experiências que tivemos. Fizemos um trabalho de valorizar o nosso grupo. Eu sempre disse que o craque ganha um jogo, mas um grupo ganha títulos”
Começou então um ‘casamento’: goleiro Luciano e Poço Fundo, juntos, conquistaram uma série de títulos que o próprio arqueiro não sabe dizer exatamente quantos são. “Foram muitos troféus, tanto no campo quando nas quadras. Poço Fundo é raça, é uma família. A gente tem um jeito de jogar bastante experiente e transmite isso para os novos atletas que chegam”, explica.
O Poço Fundo é o time a ser batido em Brusque, e muito disso deve-se à qualidade de líder de Luciano. “A gente não tem a receita certa de nada, mas tentamos passar para os outros um pouco das experiências que tivemos. Fizemos um trabalho de valorizar o nosso grupo. Eu sempre disse que o craque ganha um jogo, mas um grupo ganha títulos”.
Multicampeão municipal, o goleiro afirma que não pensa em parar tão cedo. “Enquanto eu tiver saúde, estamos aí para entrar em campo”, diz.