Com mais de 400 funcionários, o Hospital Azambuja tem muitos rostos. Mas alguns estão há mais tempo no quadro funcional e, por consequência, são conhecidos da comunidade. São os casos de Etelvina Catarina Beller, a Telva, e Márcio Rugitzky.
Rugitzky ficou marcado por ter ocupado o cargo de vice-diretor da instituição entre 1990 e 2014. Contudo, a história dele no Azambuja começou bem antes: em 2 de novembro de 1974, quando o então estudante de Contabilidade começou a ajudar Arthur Maurício no controle financeiro.
O padre sempre deu jeito no hospital, e eu sempre coloquei toda a confiança nele
Rugitzky era novo à época, ainda estudante do curso de Contador do Colégio São Luiz. Maurício era professor dele o convidou para trabalhar no hospital. Ele lembra que tudo era diferente há 43 anos, quando, ainda jovem, registrou o ponto pela primeira vez.
O administrador de Azambuja não cuidava apenas das contas do hospital, mas também do seminário, das duas fazendas, do museu e do asilo, pertencentes à Arquidiocese de Florianópolis sob gestão local. “Com o tempo, foi desmembrado e hoje é apenas o hospital. Antigamente, até mesmo as coletas das missas vinham para o hospital. E o pessoal aqui sempre ajudou nas festas”, conta Rugitzky.
Em 1974, o então diretor ainda era o padre Albano Koeller, que seria sucedido por padre Nélio Roberto Schwanke dez anos depois. O hospital também marcou a vida pessoal de Rugitzky, pois as duas filhas dele nasceram na instituição.
Já aposentado, Rugitzky ainda trabalha no hospital, mas preferiu se afastar por vontade própria da vice-diretoria. Atualmente, é supervisor do setor de compras. Padre Nélio diz que ele sempre foi um funcionário de confiança.
Juntos, Rugitzky e padre Nélio conduziram o hospital por décadas. O supervisor diz que os momentos difíceis foram muitos: “O meu grande medo sempre foi quando o padre ficava doente. Eu pensava: ‘como vai ser?’. O padre sempre deu jeito no hospital, e eu sempre coloquei toda a confiança nele”, afirma, em tom emocionado.
Primeiro emprego
Antes de Márcio Rugitzky e de padre Nélio, quando o diretor ainda era o monsenhor Guilherme Kleine, dona Telva já trabalhava como cozinheira do hospital. Até hoje, ela, junto com outras funcionárias, é a responsável por alimentar pacientes e funcionários.
Já sou aposentada, mas nunca pensei em sair, porque eu gosto do que faço, sinto-me muito bem.
Dona Telva começou a trabalhar aos 15 anos no hospital, a convite de um ex-empregado. “Era tudo diferente, mas tinha a amizade e tinha as irmãs que acompanhavam a gente. Até hoje estou aqui e gosto do que faço”, diz.
A cozinheira concedeu entrevista no hospital, mas estava de férias. Ela havia ido preparar um almoço a pedido das freiras. O apelo emocional impede que ela diga ‘não’ ao hospital. Dona Telva não cogita abandonar o lugar onde passou os últimos 49 anos de vida e onde suas duas filhas nasceram.
“Já sou aposentada, mas nunca pensei em sair, porque eu gosto do que faço, sinto-me muito bem. Temos uma equipe boa, trabalhamos com outros funcionários e um ajuda o outro. Gosto muito do que faço”, conta.
Todos os dias, dona Telva e a equipe da cozinha do hospital preparam comida par cerca de 350 pessoas. Às 7h e às 16h saem os cafés, e ao meio-dia, o almoço. A rotina é puxada, mas a funcionária quase cinquentenária não pensa em largá-la tão cedo.