Por onde se caminha em Botuverá, especialmente nas áreas mais interioranas, é possível encontrar as antigas estufas de fumo, testemunhas silenciosas de um modo de vida que já não existe mais.

*Confira a galeria de fotos no fim desta edição

Erguidas por famílias que dedicaram décadas ao cultivo e secagem do fumo, essas construções resistem ao tempo, escondidas entre a vegetação e contando histórias de um passado de trabalho árduo e dedicação.

*Assista ao vídeo >>

Memórias ligadas ao fumo

Uma dessas estufas, localizada na propriedade da família Bianchessi, no bairro Gabiroba, é um exemplo emblemático dessa tradição.

Os Bianchessi, há gerações enraizados no campo, mantêm uma estufa de secagem que, embora desativada, permanece como um símbolo de perseverança e memória familiar.

“Quando chegava a época da colheita, eu e meu esposo, Marcos, passávamos noites ao lado da estufa, cuidando do processo de secagem”, relembra Sonia.

“A luz da lamparina e o calor do forno eram nossos únicos aliados, pois não havia energia elétrica. Era um trabalho que exigia paciência e cuidado”, explica Sonia.

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Estufa de fumo da família Bianchessi, então entrelaçada na história de Botuverá/Arquivo: Ciro Groh/O Município

Desafios da secagem do fumo

As estufas de Botuverá, assim como a dos Bianchessi, foram, durante décadas, o coração das propriedades rurais da região.

Construídas de forma robusta, abrigavam não apenas a secagem do fumo, mas também histórias de esforço coletivo, onde cada membro da família tinha um papel essencial.

Durante as longas noites de secagem, enquanto o fogo ardia constante, famílias inteiras se revezavam para garantir que o fumo atingisse o ponto ideal.

“Em dias de chuva, o desafio era maior”, conta Sonia, recordando, então, as longas caminhadas sob lama e escuridão, da casa até a estufa.

A paisagem de Botuverá ainda é marcada por essas estufas remanescentes, muitas delas escondidas pela vegetação que lentamente tenta reivindicar o que antes era espaço de cultivo.

Elas são testemunhos de uma economia que dependia fortemente do fumo, antes de o cultivo perder sua força e dar lugar a uma agricultura mais diversificada.

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Um agricultor e seu trator então percorrem o caminho da tradição, ao lado da estufa desativada dos Bianchessi, testemunha silenciosa da história rural de Botuverá/Arquivo: Ciro Groh/O Município

Tradição e mudança

A história das estufas de fumo de Botuverá, em especial a da família Bianchessi, revela mais do que uma prática agrícola; é um símbolo da adaptação e da resiliência que marcam a vida no campo.

Embora o fumo tenha perdido protagonismo, as estufas continuam a existir, não apenas como construções abandonadas, mas como monumentos vivos de uma era que formou gerações e ensinou valores de honestidade e trabalho árduo.

Assim, enquanto Botuverá segue em frente, diversificando sua produção e buscando novas formas de subsistência, as antigas estufas permanecem, guardando segredos e histórias que o tempo jamais apagará.

Elas são um convite à memória, um elo entre o passado e o presente que ecoa na paisagem rural e no coração de quem viveu aqueles dias de luta e superação.


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Estufa de fumo em fotos

Para encerrar esta pauta com chave de ouro, apresentamos a encantadora beleza do interior de Botuverá, destacando a estufa de fumo remanescente da família Bianchessi. Confira as imagens abaixo.

*Créditos das fotos: Ciro Groh/O Município >>

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