VÍDEO – Prédio abandonado às margens da rodovia Antônio Heil, em Brusque, começa a ser demolido
Construção desgastada pelo tempo chamava a atenção dos moradores há decadas
Construção desgastada pelo tempo chamava a atenção dos moradores há decadas
O prédio abandonado há quase 30 anos, localizado às margens da rodovia Antônio Heil, em Brusque, começou a ser demolido neste domingo, 27. A construção, há muito tempo desativada e tomada pela vegetação, chamava a atenção dos moradores e foi alvo de disputas judiciais por décadas.
Um vídeo que mostra o prédio sendo demolido por duas escavadeiras foi publicado nas redes sociais pelo presidente da Câmara de Vereadores de Brusque, Jean Dalmolin. No entanto, o motivo para a demolição ainda não foi esclarecido.
A história começa na década de 1990, quando um grupo de empresários decidiu construir no local um centro comercial que iria da avenida Bepe Rosa até a via lateral da rodovia Antônio Heil. O espaço seria chamado de Brusque Outlet Center.
Para executar o projeto uma permuta pelo terreno foi feita com a brusquense Gertrudes Hoffmann Furtado. Conforme consta nos autos judiciais, ela receberia 22 salas comerciais na troca do terreno.
Após o contrato de permuta feito, o grupo de empresários buscou financiamento com a Cassol Pré-Fabricados para executar a obra. Mas, por motivos diversos e falta de recursos, o grupo não conseguiu dar continuidade no projeto que, então, ficou abandonado.
Já no começo dos anos 2000 o grupo Brusque Outlet Center passou a ser alvo de processos judiciais. O terreno, adquirido via permuta, foi utilizado como garantia dos demais contratos e acabou indo a leilão para quitação da dívida com a Cassol.
Em 2005 Gertrudes entrou com pedido de embargo do leilão, pois como não recebeu a sua parte no acordo de permuta, o terreno ainda era dela. Em 2022, o jornal O Município publicou uma matéria que dizia que, mesmo após vários anos e diferentes instâncias, inclusive o Superior Tribunal de Justiça, o processo seguia em aberto.
O leilão chegou a acontecer e o terreno foi arrematado pela empresa L.A.M Administradora de Bens que, inclusive, passou a ser dona do local nos registros da prefeitura. Apesar da negociação ter sido embargada e o valor já ter sido devolvido para a empresa, a matrícula do terreno, pelos menos até outubro de 2022, ainda não havia sido alterada.
De acordo com a família da Gertrudes na época da publicação, eles ainda não tinham conseguido reaver o registro do terreno porque ele seguia arrolado na justiça. Por esse motivo, o processo, que tinha recebido baixa definitiva em novembro de 2021, precisou ser reaberto em janeiro de 2022 e até outubro daquele ano seguia em aberto.
Questionados sobre o futuro do terreno, a família explicou na época que não tinha planos concretos para a área. O neto de Gertrudes, Alexandre Furtado, contou na publicação que após o registro voltar para sua avó eles iriam pensar sobre vender o espaço, caso apareçam interessados, ou montar um negócio no local.
O projeto do Brusque Outlet Center é de 1994 e exemplares do material gráfico de venda foram guardados pela família de Gertrudes. Nele constam os motivos elencados para o investimento no negócio e tudo que o espaço teria.
A construção teria cinco pavimentos, sendo três deles destinados para as 400 lojas. Na cobertura, além de lojas, teria um restaurante panorâmico, com mirante e capacidade para 600 pessoas, e centro de convenções, com espaço reservado para desfiles de moda. Outro destaque da cobertura seria o cinema que teria capacidade para 360 espectadores.
Os andares seriam interligados por rampas, escadas, e, com destaque no material gráfico, escadas rolantes e elevadores panorâmicos. O local também teria vazados para os outros pisos para proporcionar melhor ventilação e iluminação no local.
Com foco na venda de produtos direto de fábrica, o Brusque Outlet Center teria espaço destinado para ônibus de excursão, local reservado para os motoristas descansarem e salas para os guias turísticos se organizarem. Conforme o material gráfico, a garagem teria “capacidade para 40 ônibus e 500 carros, ou 4,8 mil automóveis no seu horário de funcionamento”.
Outro ponto destacado no material é a energia elétrica do local que prometia um gerador com circuito independente que entraria automaticamente em funcionamento quando houvesse falta de energia.
O material gráfico também traz motivos econômicos e geográficos da época para investir no local. Conforme uma pesquisa realizada pela Ideco e divulgada em agosto de 1993, Brusque atraía na época 98,5% dos turistas e compradores que visitam a região em quase 2 mil ônibus por mês. Além disso, o material também traz a informação de que isso gerava uma receita de US$ 1 bilhão ao ano, conforme a média em agosto de 1993.
Desenvolvido antes da criação do Plano Real, o material gráfico traz no ponto “Motivo Comercial” detalhes da realidade da época. Ele prometia um espaço melhor de interação entre produtor e consumidor, “revitalizando o ciclo de compra e venda que anda tão abalado por planos econômicos, inflação e outros desmotivadores de negócios”.
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