Sidinei e Jorgiana Baron mostram diariamente para Guabiruba que é possível construir e viver muito bem em uma casa enxaimel nos dias de hoje.
O casal é proprietário do exemplar mais recente do município e, diariamente, recebe olhares curiosos de visitantes que querem saber mais sobre a construção moderna e ao mesmo tempo histórica.
Quando começaram a namorar, logo surgiram os planos para o futuro. Entre eles, o sonho da casa própria. Sidinei, que tem uma ligação muito forte com a cultura germânica, foi quem trouxe a ideia.
“É uma paixão minha desde a infância. Sempre gostei do enxaimel e da cultura alemã e quando começamos a planejar falei para ela que, se possível, gostaria que nossa casa fosse enxaimel”.
No começo, Jorgiana ficou receosa, pois não conhecia muito da técnica e também não fazia ideia de como seria morar em um exemplar enxaimel. Mesmo assim, ela aceitou a proposta.
O casal começou a pesquisar sobre o assunto e encontrou Paulo Volles, que tem uma fábrica de casas enxaimel em Blumenau. Em 2015, eles entraram em contato com o construtor. Foram até a casa dele, que, é claro, é enxaimel, e ali tiveram a certeza do que queriam.
“Ele nos tirou muitas dúvidas da parte construtiva e também sobre como é viver numa casa dessas. Quando chegamos lá, na hora sentimos o aconchego. A casa enxaimel tem essa característica. Ela é aconchegante, a gente se sente bem nela”.
Após a conversa com o construtor de Blumenau, os guabirubenses estipularam uma meta: começar a construir em 2016 para depois casar e se mudar para a nova morada. E assim aconteceu. Em agosto de 2016 iniciou a construção e em agosto de 2017 a casa ficou pronta.
Ao longo do processo, o casal foi descobrindo as peculiaridades. Foram eles que desenharam a planta da casa, inclusive a divisão dos cômodos.
Como já era esperado, a construção do enxaimel é diferente das casas convencionais. Durante três meses, toda a parte da madeira foi confeccionada na fábrica de Blumenau. Simultaneamente, o casal construiu o espaço na parte de baixo, onde é a garagem e a lavanderia. Ou seja, a casa enxaimel está em cima de uma estrutura de alvenaria.
“Foi escolha nossa fazer a parte de baixo para não remendar a casa depois. Quando decidimos fazer, pensamos em uma casa para morar a vida inteira, aí a gente pensou que precisa de garagem, lavanderia, e decidimos fazer esta estrutura embaixo à parte”, explica Jorgiana.
Tudo teve de ser muito bem planejado, já que a casa enxaimel teria que encaixar direitinho nesta estrutura. “Tivemos que adaptar algumas coisas, mas nada que fosse alterar muito do nosso planejamento”, diz Sidinei.
Após alguns meses de ansiedade, finalmente a casa ficou pronta para ser montada. Todas as madeiras foram empilhadas e, mais do que nunca, o guabirubense entendeu porque todas os exemplares enxaimel têm algarismos romanos marcados nas madeiras. “As madeiras foram todas empilhadas. Sem a marcação ficaria impossível montar”.
Logo, a estrutura enxaimel ganhou forma no topo do morro da rua Antônio Carminatti, no bairro São Pedro. Quando a cumeeira foi concluída, antes de iniciar o telhado, a casa recebeu a coroa de flores, como manda a tradição.
“Foi um momento muito bonito. Cada fase da construção a gente se apaixonava mais e via que fizemos a escolha certa”, diz Jorgiana.
Releitura fiel
Depois da estrutura em madeira montada. Chegou o momento de preencher as paredes com os tijolinhos. Foi um momento de aprendizado, tanto para Sidinei e Jorgiana, quanto para os profissionais que fizeram o serviço.
O casal optou por fazer o preenchimento com tijolo e cal, assim como era feito antigamente. “Eles tiveram que aprender a fazer a massa de cal, porque não se usa mais isso, a cortar os tijolos para fazer a parte inclinada, a não manchar os tijolos com o cal. Foi todo um trabalho em equipe”, destaca Sidinei.
Os tijolos também são fiéis aos das construções históricas do município. Para dar o aspecto manchado, tão característico, o casal precisou fazer um encomenda especial para uma olaria de Canelinha.
“Nossas casas enxaimel em Guabiruba eram feitas com tijolo de refugo, os mais baratos, por isso têm essas manchas. Pedimos para a olaria fazer manchado, então mandei a foto da casa do meu bisavô, que ainda existe na Pomerânia, e eles fizeram o tijolo com aquela coloração”.
Uma das principais adaptações que o casal precisou fazer para poder viver na casa foi a fiação elétrica. “Não tem como fazer a fiação por dentro da parede de tijolo à vista, então ficou tudo externo. Tivemos muita ajuda dos pedreiros e eletricistas que trabalharam aqui, foram eles que nos trouxeram as canaletas em madeira, para ficar tudo no padrão”.
A casa, com portas e janelas com estilo mais rústico, tem dois quartos, dois banheiros, cozinha e sala. No sótão, em um espaço totalmente funcional, está a área de estudos e de trabalho de Sidinei.
O orgulho está estampado no rosto do casal, que adora receber a família e os amigos e dá um grande exemplo de preservação da história e cultura dos antepassados para as filhas Julia, Alicia e também para Lisa, que nasce em julho e crescerá em um ambiente que tem tudo para se transformar em um dos símbolos de Guabiruba.
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