Pouco a pouco, com o que ganhavam da venda de aipim, Oscar e Berta Gums construíram a casa enxaimel na localidade do Sternthal, no bairro Aymoré, nos anos 30.
A família de Oscar era dali mesmo. Seu pai tinha casa e terras nas proximidades. Berta era da rua São Pedro. Os dois se conheceram e decidiram construir a residência para poder casar, cerca de três anos depois.
O terreno foi doado pelo pai de Oscar. As madeiras para o esqueleto e encaixes da casa vinham das terras da família de Berta. “A madeira foi pega do engenho do meu avô lá no Holstein. Traziam tudo de carroça ou carro de boi”, conta Olindo Gums, 70 anos, filho de Oscar e Berta.
A mãe plantava aipim e, quando vendia, o dinheiro ia todo para construir a casa. Parte por parte, ela foi ficando pronta. Os tijolos, diz Olindo, foram fabricados por Francisco Kohler, que tinha uma olaria. “O tijolo é todo queimado”.
Olindo conta que foi criado na casinha de dois quartos junto com o irmão, Geraldo, já falecido. Quando casou com Edith Maria, em 1970, continuou a morar ali, na companhia da mãe, já que o pai faleceu um mês antes do seu casamento.
“Moramos ali durante 11 anos. Depois construímos uma nova. Meu cunhado sempre dizia que a casa ia cair, que era pra fazer uma nova. Nós fizemos, mas me arrependo, podia estar morando ali ainda, a casa não caiu até hoje”, diz.
Hoje a casinha enxaimel pertence a uma das filhas de Olindo, Tânia. No local apenas alguns móveis ocupam os espaços: sofá, cama, colchões e um carrinho de bebê.
Há alguns anos, Tânia decidiu reformar a casa. A ideia era tirar o assoalho de madeira e trocar por lajota, um material mais moderno e simples de manter. Entretanto, a mudança deu errado. Pouco tempo depois da instalação, partes do piso racharam. Agora, o chão da casa é totalmente irregular.
Olindo lamenta a modificação. “Foi muito mal feito. O pedreiro colocou pneu nos cantos e em cima foi feito o piso. Agora minha filha quer colocar assoalho de novo, como era antes”.
Além do piso, o forro também não é mais original. Na sala, uma abertura na parede de cimento revela os tijolos que foram rebocados. As paredes são todas pintadas de verde, assim como as portas e janelas, num tom mais escuro, mas ainda originais.
Na parte de trás da casa, anos depois foi feita uma construção em material, onde era a cozinha. Naquele espaço, a cobertura é de telhas de fibrocimento, conhecidas como eternit. O restante da casa segue com as telhas da época da construção.
Assim como as demais casas enxaimel, as marcações em algarismos romanos nas madeiras ainda permanecem visíveis.
Olindo diz que, mesmo velha e danificada, a casa recebe muitos olhares de encantamento das pessoas que por ali passam. A construção também já teve diversas propostas de compra, mas ele nunca aceitou vender. “É um pedaço da família e na nossa família deve ficar”.
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