Escondida em meio às árvores, quase no final do Holstein, está a casinha enxaimel construída pela família Missfeldt. Acredita-se que o primeiro morador do local tenha sido Christian Missfeldt e sua construção seja datada do fim do século 19.
Ao longo de mais de 100 anos, a casa permanece naquele cantinho, rodeada pela sombra de várias palmeiras. O som do vento nas árvores, dos pássaros e do riacho que passa logo em frente complementa a bucólica paisagem.
Ali, além da família de Christian, viveram também as famílias de Godofredo Baron e Alexandre Bett, o Changa.
Foi na época do italiano Changa que a construção ficou conhecida como a casa do ‘Changa Bett’. “Ele era o Changa. O nome era Alexandre, mas os alemães chamavam de Changa”, conta Dusnelda Vilvok, 68 anos, esposa de Adolfo Albrecht, o Popo, um dos netos de Alexandre.
Dusnelda lembra com saudade da época em que Changa e a esposa Regina Imhof viviam na casinha enxaimel. “Eu frequentei muito aquela casa. Naquela época, há 68 anos não tinha médico pra gente assim do sítio. A velha Regina era benzedeira, hoje em dia ninguém fala mais disso, mas naquela época, dava alguma doença e ela curava”, diz.
Ela conta que Changa e Regina recebiam vários moradores da localidade na casinha para benzerem. “Ele também benzia. Benzia aquelas feridas que davam antigamente”.
Dusnelda sempre morou no Holstein e recorda que quando criança ‘ganhava ataque’ e era a benzedeira Regina Imhof quem a curava. “Meu pai me levava daqui até Brusque nas costas, com sete anos para ir pro médico. Mas quem me curava era ela, que me benzia”.
Além dos trabalhos como benzedeiros, Dusnelda diz que Changa e Regina tinham um grande coração e sempre estavam prontos para ajudar todos que precisassem. Uma de suas principais lembranças da época de infância na casa é da Páscoa. “Antigamente tinha um cafezal, todo mundo aqui era muito humilde, e o coração dos dois era enorme. Eles escondiam ovo de Páscoa no cafezal e as crianças procuravam”, conta, com lágrimas nos olhos.
Pequena, a casa enxaimel tinha dois quartos e uma sala. Um corredor levava até a cozinha que não era na técnica alemã. No quarto de trás ficava a escada para o sótão.
Dusnelda conta que Changa Bett morreu cedo, antes dos 60 anos, de asma. Regina faleceu em 1978, com 75 anos. A casa enxaimel ficou para o irmão de seu marido que, logo em seguida, a vendeu para a família Schwambach.
Atualmente, a casinha faz parte de uma chácara, de propriedade de Sidnei Bruns. Apesar de bastante deteriorada, demolir o imóvel centenário não faz parte de seus planos.
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