O amor que Christiana Élica Riffel tinha por sua casa e por tudo o que construiu é o que motiva a família a conservar a propriedade ainda hoje, mesmo passados 12 anos de seu falecimento.
A casinha enxaimel, construída em 1949 pelo marido de Christiana, Affonso Riffel, ainda conserva muitas características originais. As árvores e plantas que envolvem a casa também continuam ali, vivas, como uma forma de manter a matriarca da família sempre presente.
O terreno onde está a casa, que hoje é a chácara da família, foi cavado com picareta e enxadão pelo próprio Affonso. “Este terreno pertence à família desde a imigração da Alemanha”, conta Dearlete Marta Riffel, nora de Affonso e Christiana.
Os barrotes da casa foram feitos com troncos de árvores roliças, todos talhados a machado por Affonso. A madeira usada na construção foi retirada das proximidades das terras da família. O tijolo foi produzido na olaria que existia próximo à casa, no bairro Guabiruba Sul.
Atualmente, a residência é praticamente imperceptível. Somente quem conhece a família e frequenta a chácara consegue notar a existência da casa de 70 anos. A construção está toda cercada pelas árvores que Christiana tanto gostava e amava cuidar.
A casa nunca foi reformada. Ao longo dos anos, somente pequenos reparos foram feitos para mantê-la bem conservada. “Somente os sarrafos das telhas foram trocados. As telhas deixamos as mesmas”, destaca.
Portas, janelas, o assoalho de madeira larga, o teto e as paredes, todos construídos há 70 anos, estão iguais. “O branco da fuga dos tijolos é do cal que foi misturado com areia. Não tem nada de cimento na casa, tudo massa com cal”.
A família sempre morou no local. Christiana cuidava da roça e dos animais. Vendia leite, nata, queijinho, tudo produzido ali na propriedade. Affonso trabalhava durante o dia na olaria e à noite ajudava a esposa com o trato dos animais.
O casal teve três filhos: Tarcísio, Ademar e Roque. Com muito esforço, os três tiveram a oportunidade de estudar. Tarcísio e Ademar já são falecidos. Cabe a Roque, a esposa e os filhos zelarem pelo patrimônio deixado por Affonso e Christiana, tarefa que é cumprida com muito amor e dedicação por eles.
“O que ela mais queria era dar estudo para os filhos e conseguiu. Uma coisa que queremos conservar é a casa dela, que lutou tanto para deixar isso aqui para nós. Queremos manter e conservar da melhor forma”, destaca Dearlete.
Affonso faleceu em 2000. Alguns meses depois, a família construiu uma casa maior ao lado da enxaimel, já que Christiana ficou sozinha. “Construímos um quarto aqui, mas ela não quis sair da casa dela. Passava o dia lá e vinha pra cá à noite só pra dormir porque o banheiro era mais perto. Ela tinha muito amor pela casa”, conta.
Christiana faleceu em 2007, após ficar doente e passar alguns dias no hospital. Enquanto estava internada, sempre pedia para voltar para sua casa. A família conseguiu levá-la de volta para o lugar que tanto amava e, no dia seguinte, ela descansou.
“Ela só estava esperando voltar para o lugar dela. Lembro que ela chegou de ambulância e de cima da maca estava muito feliz de voltar, passou a mão no cachorro que ela tinha de estimação”, lembra Dearlete.
Hoje, a casa de Christiana serve de moradia para o casal de caseiros da chácara da família. No local, ainda há alguns móveis da matriarca como a mesa, armário, sofá, guarda-roupa, tudo guardado com muito amor pela família, como uma forma de garantir as lembranças de um passado de muito trabalho e, sobretudo, amor pelo lugar.
“Muita gente não entende porque mantemos essa casa velha aqui, mas para nós ela significa muito. Minha sogra lutou muito para ter isso tudo e ela está no céu feliz por ver tudo bem cuidado e conservado como ela queria”.
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