William Molina assumiu a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica junto com o início do governo, mas já está com Jonas Paegle e Ari Vequi desde a transição pós-eleição.

Molina é conhecido pelos outros secretários como o super-secretário. Não à toa, ele tem autonomia para opinar em qualquer pasta e é o homem-forte da área técnica.

Para 2018, ele cita como principais projetos a revisão do Plano de Cargos e Salários e a reforma administrativa”.

Ponto dos servidores
“A partir do momento que detectamos que em várias secretarias o servidor não vinha cumprindo o ponto como deveria para atender o público no horário, nós corrigimos.

Nós vínhamos fazendo essas correções ao longo do ano e culminou com a questão dos médicos, que era uma das mais polêmicas. Passaram-se vários governos e todos sabiam dessa situação.

Temos acumuladas necessidades de consultas e atendimento médico e descobrimos que eles não estavam batendo ponto”.

Hospital Azambuja
“É muito fácil comentar no Facebook sem ter conhecimento da matéria. Quando abrimos a discussão sobre o contrato com o Azambuja, não foi no sentido fechar o hospital. O doutor Jonas é médico e se preocupa com a saúde em Brusque.

Mas temos um contrato que o município despende hoje mais de R$ 800 mil de recursos próprios por mês. Se compramos 100 consultas de cardiologia, é o que o hospital tem que dar. Se é mais, vamos ajustar para fique bom para ambas as partes.

É dinheiro público. O que não pode acontecer é o município repassar para algumas entidades e não haver uma contra-prestação de contas.

Muitas vezes a sociedade não está a par das situações. Tivemos problemas com outras entidades, Lar Sagrada Família e Acapra. São entidades que recebem dinheiro público, mas que ficaram devendo documentos.

A prefeitura nunca se negou a fazer os repasses, o que não pode é qualquer uma delas receber dinheiro público e não prestar contas, ou não ter documentação suficiente. É o caso da Acapra, faltou documentação”.

Transporte universitário
“Considero o cúmulo do absurdo. Saímos nas ruas reclamando dos partidos políticos corruptos, mas não fazemos o dever de casa.

Tínhamos cinco ônibus com 45 lugares para Itajaí. Isso representa 225 lugares. Temos 193 estudantes para atender, ou seja, tinha uma sobra grande.

No dia 3 de outubro, os estudantes deixaram um ônibus sair de Itajaí com dez assentos vagos. Isso eu tenho comprovado por uma declaração dos dois motoristas e do coordenador do transporte universitário.

Encheram o ônibus detrás para fazer um vídeo e postar na internet que o ônibus estava lotado. Como o universitário, um cidadão se formando para o mercado de trabalho e que deve dar o exemplo à sociedade, faz um factoide para reivindicar mais ônibus?

Essa situação demonstra que nós, sociedade, não estamos fazendo o nosso papel”.

Folha de pagamento
“A atual gestão não tem nada contra os servidores. Queremos uma análise profunda da situação que Brusque enfrenta.

Temos excelentes servidores que cumprem com sua obrigações. Mas como em qualquer setor, também temos os que não cumprem as suas funções.

Solicitamos acompanhamento econômico da relação entre a arrecadação do município e o que é gasto com a folha de pagamento. De 2009 a 2017, tivemos aumento na arrecadação, natural num país cresceu.

Em 2009, a receita corrente líquida cresceu 6,02%, já a folha de pagamento subiu 23,41%. Ou seja, no primeiro ano do Plano de Cargos e Salários tivemos um aumento de 17,38% na relação entre arrecadação e folha.

Foi implantado o novo plano e ocasionou esse boom. Mas isso se repercute até hoje, em relação do crescimento vegetativo e do Adicional por Tempo de Serviço (ATS), que é um aumento de 2% todo ano.

Isso impede que a gente invista mais em saúde, educação e obras. Repito que não temos nada contra servidores, mas precisamos urgentemente reavaliar esse crescimento.

São índices de crescimento que assustam e se tornam uma bola de neve. Não temos como repassar à população na forma de tributos, porque a população já não aguenta mais a quantidade de impostos que paga.

Que fique claro que a grande maioria dos tributos fica no governo federal, depois vai para o estado e um quirela vem para o município, que tem que dar conta de tudo.

Nós recebemos a menor parte da arrecadação, mas somos responsáveis pela maioria das ações em prol da sociedade”.

Ambulantes
“Outro tema polêmico que se arrastou por anos. Nenhuma gestão teve a coragem de desencadear o processo de regulamentação das pessoas que vivem do comércio.

Não é justo com o lojista que paga impostos, vende o produto e obtém o lucro que se instale um concorrente na sua frente sem pagar qualquer taxa.

Dou plena razão às entidades organizadas do município, Acibr, CDL e Sindilojas, porque essa é a classe que faz com que tenhamos arrecadação no município e assim a prefeitura possa realizar as suas atividades.

Não sou contra os ambulantes, mas temos que regulamentar, para que trabalhem em igualdade de condições. Sem regulamentação é uma competição desleal”.

Escola João Hassmann
“Com a reforma do Ensino Médio, o estado terá de se adequar. O município não tem essa responsabilidade. O município é responsável pelo Ensino Fundamental.

Se a grande parcela do imposto já fica no estado e na União, como despender do que sobra para fazer a tarefa deles? Com essa mudança da reforma, há necessidade de grande investimento em laboratórios e contratação de novos profissionais.

Apesar de tentarmos fazer a comunidade entender isso, sofremos críticas de pessoas que se sentiram prejudicadas porque moram ali perto, mas não veem um contexto amplo.

O Dom João becker é estadual e faltam alunos. O transporte do Guarani ao Dom João Becker é gratuito, é um deslocamento como outro qualquer.

Isso possibilitaria ao município investir em novas creche, mais vagas no Ensino Fundamental. Mas por solicitação da comunidade, enquanto não for definitivamente aplicada a nova legislação, o município oferecerá o Ensino Médio”.

Saldo positivo
“Foram mais de 15 ruas pavimentadas em parceria com as comunidades, tivemos uma excelente Fenarreco. Os turistas e a comunidade elogiaram. O Desfile de Natal também foi bastante elogiado.

Tivemos os Jogos Comunitários, e as comunidades participaram maciçamente. É muito importante trazer o esporte brusquense.

Somos contra a contratação de atletas estrangeiros, como algumas associações pretendem, para participação de competições locais. Esse não é o objetivo”.

Principais projetos
“A proposta de negociação com o sindicato, para uma revisão ampla do Plano de Cargos e Salários, que seja justa com o servidor e com a prefeitura. para que tenhamos longevidade e não inviabilize a administração.

Temos salários de R$ 20 mil, R$ 15 mil, que são resultados dessa condição proporcionada pelo atual plano. Não que não mereçam, mas isso inviabiliza qualquer administração.

Daqui a pouco, seremos uma administração como o Rio de Janeiro, que está sem pagar salário, 13º e férias.

Temos vários projetos para 2018, como a reestruturação de mecanismos de controle, além da revisão do Plano de Cargos e Salários. Gostaríamos de convidar o sindicato e os servidores para uma conversa, onde escutaremos qual é a sua posição sobre isso.

Além de servidores, são cidadãos e devem estar preocupados. Se a prefeitura não consegue me pagar, não importa o valor do meu salário”.

Instituto Áquila
“Vou falar em meu nome, como profissional na área, tenho pós-graduação e mestrado na área de Sistemas da Informação. A transformação da administração pública passa pela profissionalização das atividades.

Os que são contrários usam argumentos frágeis: tem servidores capacitados, tem número pessoas para fazer na prefeitura. São infundados e inválidos.

O instituto possui profissionais altamente gabaritados em cada área. Eles trabalham cada área com dedicação exclusiva, com pós-graduação, mestrado, MBA. Esses profissionais é que estaríamos trazendo para dentro da administração pública, tornando-a mais profissional.

Eles também estariam preparando os servidores para fazer um serviço. Não importa para a prefeitura qual é a empresa.

Para que tenhamos capacidade de investimento, precisamos de profissionais capacitados em cada área.

Não é justo aumentar impostos quando falta dinheiro. Nós, cidadãos, estamos com o bolso arregaçado.

A razão da contração era nesse sentido, fomos impedidos por questões que, ao nosso ver, já foram julgadas. O meu nome foi usado indevidamente num processo, julgado improcedente pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado.

Não havia nada de irregular, absolutamente nada. Infelizmente, por uma questão pessoal, o ex-procurador fez uma denúncia vazia que acabou neste transtorno.

Para 2018, tenho expectativa que possamos contratar uma empresa capaz de atuar na administração pública e trazer resultados através do bom uso do dinheiro e treinar os servidores”.

Reforma administrativa
“Ela faz parte das nossas prioridades de governo. Estamos abrindo licitação para a contratação de uma empresa especializada nesta área.

Deve ser publicado no início deste ano e aí teremos três meses para o trabalho, a partir do momento que a empresa for escolhida.

É prioridade porque vimos que a dificuldade para administrar Brusque é muito maior da forma como está”.

Articulação política
“Não participei de eleição, mas político todos somos ao sugerir ideias para melhorar a cidade. A minha maior dificuldade foi me relacionar com as pessoas que participaram do pleito, porque minha formação é técnica.

Fui convidado para formatar técnica-administrativamente o governo. Não tenho conhecimento da articulação entre Executivo e Legislativo e isso me gerou algum desconforto. Temos pessoas capacitadas para fazer isso, como o doutor Jonas e o Ari Vequi”.

Futuro pessoal
“Tenho compromisso com o doutor Jonas com relação à minha permanência. Estou aqui porque fui à rua, pintei meu rosto e levei meu filho para protestar contra a corrupção.

Quando recebi o convite do doutor Jonas vi a possibilidade de poder colaborar com meu conhecimento profissional, para eliminar isso. Por esse motivo, tenho interesse em continuar no governo, para mudar a realidade”.

2017
“Iniciamos um governo bastante tumultuado em relação às questões políticas principalmente. E também em relação ao que encontramos na prefeitura em janeiro.

Nós optamos por fazer, na época, um diagnóstico para que a gente soubesse o que teria que enfrentar no primeiro ano de governo. Descobrimos bastantes coisas que foram sendo corrigidas durante o ano.

Se fôssemos fazer um resumo de 2017, acho que foi um ano de correções. Tivemos que fazer que muitas coisas que eram feitas em gestões passadas fossem reenquadradas.

Temos como princípio neste governo a moralidade, o bom uso do dinheiro público e o respeito ao cidadão. No meu ponto de vista, se a legislação é falha, devemos corrigi-la, mas nunca desobedecê-la”.