Montagem de elenco foi um problema decisivo no péssimo ano do Brusque
Questão não explica tudo, mas foi fundamental para que o quadricolor tivesse um ataque tão improdutivo ao longo do ano
Questão não explica tudo, mas foi fundamental para que o quadricolor tivesse um ataque tão improdutivo ao longo do ano
O Brusque foi rebaixado novamente à Série C do Campeonato Brasileiro. A terrível campanha foi produto de falhas cometidas por diretoria, treinadores e jogadores. Algumas delas foram contínuas, e a principal foi na montagem de elenco. Uma montagem ruim, que pode estar ligada tanto a questões de orçamento e dificuldades de mercado quanto de erros na avaliação.
É uma questão que não explica tudo, mas foi fundamental para gerar, por exemplo, o ataque fraco visto ao longo de todo ano. Este trabalho, especificamente, é da diretoria, com participação, no início, do técnico Luizinho Lopes.
A equipe começou o ano com nove contratações. Georgemy e Matheus Emiliano para a reserva de Matheus Nogueira; Cristovam para a lateral-direita, com Ronei sendo opção; Matheus Salustiano, para brigar por posição na zaga; Luiz Henrique no lugar de Airton, para a reserva de Alex Ruan na lateral-esquerda; Serrato, para compor o meio-campo; Maycon Douglas, para ser opção nas pontas; e Paulinho Moccelin, para ser o principal reforço e jogador na ponta esquerda. Para o estadual, são reforços até interessantes.
Mas não foi contratado um meia, um camisa 10. Esta função ficou relegada a Jhemerson, e apenas a ele. E foi feita a opção pela manutenção de Guilherme Queiróz e Olávio, peças fundamentais no acesso à Série B, sem a contratação de outro centroavante para fazer sombra a eles. Vindo da empolgação do acesso, fazia sentido dar o voto de confiança à dupla. Depois do Catarinense, não.
No meio do Catarinense, ainda foram trazidos Dionísio, que fez bom papel no meio-campo; e o delírio coletivo chamado Patrick Machado, que veio lesionado, seria o camisa 10, não jogou cinco minutos e foi embora tão abruptamente quanto chegou.
O resultado foi trágico. Após uma causar boa impressão na estreia, o Brusque beirou o rebaixamento no Catarinense e tinha enormes dificuldades na criação, com a bola mal chegando aos centroavantes em diversos jogos. Mas, de alguma maneira, conseguiu a recuperação a partir de vitórias improváveis sobre Avaí e Criciúma, ambas no Heriberto Hülse.
O time sofreu um bocado para passar pelo GAS em Roraima, eliminou o Marcílio Dias nos pênaltis, passou pelo Avaí na semifinal e chegou à final contra o Criciúma. Foi incompetente no jogo como mandante em Itajaí, e prejudicado pela arbitragem no jogo da volta, sendo vice-campeão.
Na avaliação da diretoria, os resultados validaram o trabalho dentro de campo, rumo à Série B.
Os maus sinais do Catarinense foram mascarados por mais uma final, e um elenco com defeitos flagrantes no ataque não recebeu reforços suficientes. Para o início da Série B, chegaram Mateus Pivô, Marcelo, Diego Mathias, Anderson Rosa, Wellissol, Keké e Osman.
Pivô foi a principal contratação deste período, se apropriando da lateral direita com qualidade ofensiva, velocidade e força. Um baita acerto. Mas nenhum outro jogador conseguiu chegar para ser titular. O Brusque começou a Série B praticamente com o mesmo time titular que escapou do rebaixamento no Catarinense e que teve um lampejo para chegar à final.
Diego Mathias voltou de empréstimo e começou a ganhar espaço. Anderson Rosa causou uma primeira boa impressão marcando o gol na estreia, mas depois foi afastado e voltou à Portuguesa-RJ. Osman, que saiu da Chapecoense sob pesadas críticas, foi visto no Brusque como solução para o ataque, com contrato de dois anos. Mas, como era de se esperar pela fase em que estava na Chape, não somou nada. E virou um dos alvos favoritos da torcida quadricolor.
Ainda faltava um meia. Ainda faltava um camisa 9, um artilheiro para substituir Guilherme Queiróz e Olávio. Ambos já haviam passado por muitas dificuldades no Catarinense, e não seria na Série B que eles iriam repetir o que fizeram no ano anterior. Eram ciclos terminados.
E o Brusque se arrastou assim até a janela de transferências do meio do ano.
A janela de transferências foi reaberta em 10 de julho e teve as melhores contratações do ano. Dos nove jogadores, destacam-se o trio uruguaio González-Pollero-Ocampo; o colombiano Jhan Torres; e o volante Paulinho. Chegaram também Gabriel Pinheiro e Lorran, para dar mais opções, junto dos garotos figurantes Cauari e Gabriel Lima.
O problema desta janela foi o imenso atraso. Um camisa 9 como Pollero e um 10 como González já deviam ter chegado no início do ano ou no início da Série B. Mas chegaram a tempo de fazer menos de um turno e, para piorar, Pollero e Ocampo sofreram com lesões.
E o atraso foi enorme. A abertura da janela foi em 10 de julho. Os primeiros reforços anunciados foram Pollero e Ocampo, quase um mês depois, em 4 de agosto (cinco jogos foram disputados entre as duas datas). Pollero só foi regularizado em 20 de agosto, estreando no dia 21. Ocampo foi regularizado em 23 de agosto e precisou cumprir suspensão antes de estrear, assim como González.
Entre a abertura da janela e a estreia do primeiro reforço, foram sete rodadas. Luizinho Vieira sempre terá este atraso nas contratações como um argumento válido para seu insucesso no Brusque.
E com tudo isto, este foi o melhor trabalho da diretoria no ano, em relação à qualidade dos reforços trazidos. Pollero logo mostrou que teria que ser titular, mas foi atrapalhado por lesões e teve oportunidades desperdiçadas. González é um bom meia, com muita raça, que pode até integrar elencos de Série A. Ocampo teve uma lesão grave e foi preterido por Marcelo Cabo, mas deixou impressões muito positivas. Paulinho veio do Anápolis-GO, na Série D, para deixar Serrato no banco imediatamente. O zagueiro Jhan Torres assumiu a lateral-esquerda e foi evoluindo jogo a jogo, dando segurança defensiva àquele lado.
Ainda assim, não foi o suficiente.
Nenhum dos três técnicos do Brusque na temporada deu conta de fazer o ataque funcionar de forma minimamente aceitável. Faltaram, desde o início do ano, jogadores que fizessem o elenco vice-campeão da Série C se tornar um elenco mais competitivo na Série B. Na última janela de transferências, atrasos limitaram a margem para reação e adaptação das melhores aquisições, que, na soma com o elenco, foram insuficientes.
Abaixo estão links de colunas nas quais aponto os problemas ofensivos do Brusque e da formação de elenco desde o começo do ano. Tratamos a questão de forma contínua.
6 de fevereiro: Crítica à montagem do elenco
13 de fevereiro: Crítica ao ataque e à montagem do elenco
20 de fevereiro: Critica ao ataque e à montagem do elenco
19 de março: Citando problema no ataque
23 de abril: Projeção dos problemas ofensivos que seriam vistos na Série B
7 de maio: Crítica ao ataque
11 de junho: Crítica ao nível do elenco e dos reforços pós-Catarinense
25 de junho: Citando necessidade de reforços no ataque
23 de julho: Crítica ao ataque e citação de atraso de contratações
6 de agosto: Citando atraso em contratações
13 de agosto: Crítica ao ataque e aos reforços pós-Catarinense
20 de agosto: Citando atraso em contratações
As últimas colunas do ano vão tratar de diversos aspectos da temporada 2024. Esta foi a primeira da série, tratando sobre a formação do elenco. Outras questões são as lesões, semelhanças dos rebaixamentos de 2022 e 2024, trocas de técnico e o estádio Augusto Bauer.
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