Policiais que prenderam Jocimar dos Santos e delegado prestam depoimento à comissão processante

Denúncia que pode cassar mandato de vereador afastado de Brusque é analisada pela comissão

Policiais que prenderam Jocimar dos Santos e delegado prestam depoimento à comissão processante

Denúncia que pode cassar mandato de vereador afastado de Brusque é analisada pela comissão

Os agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que prenderam o vereador afastado Jocimar dos Santos (DC) em novembro prestaram depoimento nesta segunda-feira, 22, à comissão processante que investiga denúncia contra o parlamentar. O delegado Alex Bonfim Reis, que realizou o auto de prisão em flagrante, também falou à comissão.

Rudy Camillo, o primeiro depoente da tarde, é policial que atua no Gaeco em Itajaí. Ele informou à comissão que não houve uma investigação prévia do caso antes da prisão, pelo menos da parte da equipe dele, e que recebeu um pedido de apoio da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brusque para verificar a denúncia.

O vereador Jean Dalmolin (Republicanos), relator da comissão, questionou qual foi a reação de Jocimar e a forma que a abordagem aconteceu. “Ele (Jocimar) ficou surpreso, perguntou o que era e informamos. Depois, o conduzimos à delegacia para não gerar tumulto. Qualquer pessoa fica surpresa quando é detida”, disse.

O policial João Marcelo Zumblick também prestou depoimento. Assim como Rudy, ele negou que houvesse investigação prévia e informou que a equipe foi ao local apurar a denúncia. Segundo João, o Gaeco recebeu “a missão” e foi cumpri-la.

“Nos deslocamos para fazer o monitoramento e verificar se de fato aquela situação (possível crime) aconteceria naquele local. Ficamos lá por horas, até que o vereador e o suplente chegaram ao local”, relatou o policial.

Indícios para flagrante

O delegado Alex Bonfim Reis relatou como aconteceu o auto de prisão em flagrante. Ele foi questionado pelo advogado de Jocimar, Richard Olivette, se houve uma investigação prévia antes da prisão. Alex disse que a função dele, naquele momento, como delegado plantonista, era analisar se o caso tratava-se de uma situação de prisão em flagrante.

“Toda vez que o senhor recebe uma denúncia, vocês (polícia) não têm o hábito de investigar antes de proceder a ação?”, perguntou Richard. “Não cabe a mim esclarecer este ponto. Me cabia, naquele momento, como autoridade policial, a análise da situação de flagrante com o material que me foi apresentado”, respondeu.

Alex reforçou que o conteúdo apresentado a ele era caso de prisão em flagrante. “Naquele momento, havia indícios suficientes de materialidade para que se fosse realizado o auto de prisão em flagrante”, informou. Em seguida, o segundo dia de depoimentos foi encerrado.

Prisão de Jocimar

Jocimar foi preso em flagrante no dia 30 de novembro pelo Gaeco por suspeita de rachadinha. A prisão aconteceu em frente ao Banco do Brasil, no Centro I, enquanto recebia parte do salário do suplente que ocupava o mandato provisoriamente, Eder, pois Jocimar estava licenciado do cargo.

Posteriormente, foi divulgado que Eder denunciou o caso ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) dias antes da prisão. Jocimar é o terceiro vereador preso durante o mandato na história de Brusque. Ele foi solto no dia seguinte após pagamento de fiança e afastado do mandato por ordem da Justiça.

Desde então, Jocimar optou pelo silêncio, até se manifestar cerca de 20 dias após a prisão. Eder, ainda quando ocupava o mandato, apresentou o pedido de cassação de Jocimar, aprovado pelo plenário da Câmara. Assim, foi formada a comissão processante que analisa a denúncia.

Após o período de licença de Jocimar, Eder deixou o cargo. Em razão do afastamento, porém, o então diretor-geral do Zoobotânico, Rodrigo Voltolini, primeiro suplente de vereador pelo DC, assumiu a cadeira de Jocimar na Câmara por tempo indeterminado.

Na primeira entrevista que concedeu à imprensa depois do episódio, Jocimar se defendeu. “Fui envolvido em um golpe terrível para destruir a minha imagem”, disse. A defesa alega que houve um conluio entre suplentes, inclusive com a suspeita da participação do hoje vereador Voltolini.

Voltolini negou a acusação. “Com os fatos que aconteceram até então e essa última situação agora, ele perde um grande amigo”, disse ao jornal O Município após a alegação da defesa. A companheira de Eder, Maria Silvana Fugazza, também é apontada pela defesa como integrante do tal conluio.

Reações da política

Nos bastidores, a prisão de Jocimar pegou políticos de Brusque de surpresa. As informações começaram a chegar aos ouvidos de vereadores, assessores e servidores da prefeitura no início da noite do dia da prisão. Jocimar era membro da base de apoio do governo do prefeito André Vechi (PL) na Câmara.

Dias após a prisão, o prefeito se manifestou. Vechi, que antes de se filiar ao PL integrava o partido de Jocimar, disse que “qualquer relacionamento político com o vereador Jocimar está cortado”. Além disso, o prefeito afirmou que, caso fosse parlamentar, “avançaria na linha” de um pedido de cassação.

Outros depoentes

Ainda vão prestar depoimento à comissão Rodrigo Voltolini, Maria Silvana Fugazza, Fabiana Gascoin, Wellen de Lima Godoy, João Fontoura, Natal Lira, Cleiton Schmidt, Sirley de Jesus Souza Mafra, Daniel da Maia Bueno, João Rossato e Jocimar.

A fase de depoimentos da comissão processante ocorre entre os dias 19 e 25 de janeiro. A comissão é formada por três vereadores, sendo presidida por Nik Imhof (MDB). O relator é Jean Dalmolin e integra a comissão como membro Rogério dos Santos (Republicanos).

O que é comissão processante?

De acordo com o artigo 84 do regimento interno da Câmara de Brusque, a comissão processante é formada para apurar denúncias apresentadas contra vereadores, prefeito, vice-prefeito e outros. Na ocasião, a comissão que investiga o pedido de cassação de Jocimar é formada por três vereadores.

O que é rachadinha?

A rachadinha, crime no qual Jocimar é acusado, trata-se na prática do repasse do salário de um terceiro, como assessor ou suplente, ao parlamentar. Nesta específica ocasião, o vereador afastado é suspeito de exigir 50% do salário do suplente Eder em troca de um mês no cargo de vereador.

Correção (25/01, às 13h08): anteriormente, o nome da companheira de Eder Leite, Maria Silvana Fugazza, estava escrito o errado. O texto foi corrigido. Outra informação corrigida também é o período da fase de depoimentos, que ocorre entre os dias 19 e 25 de janeiro, e não somente até 24 de janeiro, como divulgado antes.

Atualização (25/01, às 13h08): O nome de Jocimar na lista de depoentes foi acrescentado.


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