A tradição do Pelznickel faz parte da história de muitos guabirubenses e até de brusquenses, principalmente aqueles que a vivenciaram desde o início.

Gabriel Ebel, de 84 anos, nasceu no bairro Guabiruba Sul. Ele tem muitas histórias com o Pelznickel, algumas das quais ainda estão vivas na memória, outras que foram há muito tempo e ele não lembra mais. 

O guabirubense recorda que tinha muito medo do Pelznickel quando era criança, mas aguardava ansioso pela chegada do Natal, para receber a visita deles. “Parecia que o ano não passava mais”, diz. 

Ebel conta que os Pelznickel iam até a casa e ficavam  um tempo lá cantando e bebendo. Depois que ele ganhou uma gaita de presente, era comum tocar canções de Natal junto com eles durante a visita. 

Quando tinha uns 12 anos, ele e o irmão apanharam do Pelznickel. “Veio bater em nós e nós nos pegamos com eles. Nos vingamos”, lembra aos risos. 

E, teve uma única vez que Ebel se vestiu de Pelznickel, acompanhado da prima, que foi de Christkindl, e visitou algumas casas do bairro. 

Para se fantasiar, ele passou fuligem do forno a lenha para camuflar o corpo, mas como foi muito difícil de tirar, ele desistiu de se vestir nos próximos anos. “Naquela época não tinha chuveiro, nem energia. Era tudo no canequinho”. 

O prefeito de Guabiruba, Matias Kohler, cresceu no bairro Pomerânea. “Pelznickel é voltar para a infância”, diz. Ele conta que era comum o Pelznickel aparecer somente na noite da véspera de Natal, no dia 24 de dezembro. 

Ele era assustador como hoje em dia e trajava folhas e barba-de-velho. Kohler recorda que na infância quebrou um vaso em novembro e em dezembro apanhou do Pelznickel. No dia 24 de dezembro, quando o Pelznickel visitou a casa dele, bateu nele com uma vara. 

Até um certo período, quem trazia os presentes era o Pelznickel. Ele primeiro punia e depois presenteava. Depois, quando Kohler tinha uns dez anos, a figura da Christkindl começou a aparecer. 

Valmor Bononomi, 64, cresceu no bairro Bateas, em Brusque. Ele lembra que na infância tinha muito medo do Pelznickel, que aparecia no Natal e era chamado de Papai Noel do mato. 

Ele não chegou a apanhar do personagem, mas conta que precisava rezar o Pai Nosso para ele e prometer que não ia fazer arte. 

Bononomi recorda que o Papai Noel do mato tinha uma máscara de barro e também era feito uma goma com jornal, que era colada no corpo para fazer a roupa. 

Isabel Baumgart, 74 anos, viveu a infância no bairro Planície Alta, em Guabiruba. A lembrança do Pelznickel ainda está bastante viva na memória e ela conta que no dia 6 de dezembro, por volta das 20h, o Pelznickel já aparecia. 

Quando ele chegava casa, as crianças tinham que rezar o Santo Anjo e depois uma outra oração. “Meu coração é pequenino, cabe somente Jesus menino. Jesus faça de mim uma boa criança”, recorda contando que ela e os irmãos ajoelhavam e rezavam chorando de medo.

Isabel diz que naquela época quem se vestia de Pelznickel era uma mulher. Ela usava roupas velhas, um casaco de inverno grande e surrado e também barba-de-velho. 

O Pelznickel batia uma corrente no chão e carregava uma vara para assustar as crianças. 

Na noite de Natal, essa mesma mulher se vestia de branco e trazia brinquedos de presente. “Vinha de branco, colocava um lençol, fazia uma boca e dois olhos e tinha um colar grande”, descreve Isabel.


Você está lendo: Na memória: os costumes do Pelznickel antigamente


Acompanhe:

– Introdução
– 
Conheça a história por trás da lenda do Pelznickel, o famoso Papai Noel do mato
– Christkindl: quem é a mulher vestida de branco que entrega doces
– As variantes do Pelznickel: como é o personagem pelo mundo
– Como é o Pelznickel em outros lugares do Brasil
– O Pelznickel em Guabiruba: como a lenda se tornou tradição no município

– Sociedade do Pelznickel mantém viva a tradição em Guabiruba
 Por trás da fantasia: quem participa da Sociedade do Pelznickel
– Como é a produção da roupa do Pelznickel
– Dos passeios de casa em casa a Pelznickelplatz
– O Pelznickel como atração turística em Guabiruba