Ex-servidor nega versão de companheira de Eder Leite e diz que não sabia que Jocimar pediu para “repartir salário”
Versões de Maria Silvana Fugazza e Vilson Moresco entram em conflito
Versões de Maria Silvana Fugazza e Vilson Moresco entram em conflito
O ex-servidor do Zoobotânico Vilson Moresco prestou depoimento à comissão processante nesta quinta-feira, 24. Ele negou a versão de Maria Silvana Fugazza, companheira do suplente Eder Leite (DC), de que sabia que o vereador afastado Jocimar dos Santos (DC) pediu para “repartir o salário” de Eder como parlamentar.
A comissão investiga denúncia contra Jocimar, que pode levá-lo à perda do mandato de vereador. Maria Silvana prestou depoimento nesta terça-feira, 23, e disse que, antes de Jocimar ser preso, contou ao vereador Rodrigo Voltolini (DC), então diretor-geral do Zoobotânico, e a Moresco que Jocimar queria 50% do salário de Eder em troca de um mês no mandato.
Diferente de Moresco, Voltolini confirmou que tinha conhecimento sobre o pedido previamente à prisão. Maria Silvana alega que não sabia que repartir salário era crime de rachadinha antes de contar à dupla que Jocimar queria parte do salário.
A tese defendida pela defesa do vereador afastado é de que houve um conluio entre suplentes para incriminar Jocimar, com participação de Voltolini e Eder Leite. Em seus depoimentos à comissão, ambos negaram o tal conluio.
Moresco também foi questionado pela defesa de Jocimar e pelos vereadores-membros sobre a postura de Voltolini no Zoobotânico e nos encontros do partido Democracia Cristã, no qual Jocimar é presidente estadual e Voltolini é vice-presidente municipal.
“[Voltolini era] pessoa difícil de lidar, exigente e mudava de opinião constantemente, além de ameaçar advertência. A maioria absoluta dos servidores não gostava dele”, disse. “[No partido], também era tido como ‘difícil de lidar’”, acrescentou.
O ex-servidor do Zoobotânico já ocupou diversos cargos na administração pública e disse que Jocimar nunca cobrou parte do salário das funções que exerceu sob indicação dele. Moresco acredita que há motivações políticas por trás das acusações contra Jocimar.
No dia 18 de janeiro, Moresco foi exonerado do cargo de chefe de Manutenção do Zoobotânico. Ele atribui a Voltolini o pedido para demiti-lo. “Coisas do senhor Rodrigo Voltolini…”, insinuou Moresco ao secretário de Governo, Leonardo Zanella, quando foi informado que seria demitido. Ele relatou à comissão que o secretário “balançou a cabeça e disse que sim”.
A secretária de Desenvolvimento Social, Fabiana Gascoin (DC), também prestou depoimento. Ela foi questionada pelo advogado Richard Olivette, que atua na defesa de Jocimar, se o parlamentar já havia pedido parte do salário de Fabiana como secretária em algum outro momento, por ser indicação do Democracia Cristã ao cargo. Ela negou.
Fabiana disse que sugeriu uma reunião entre os membros do partido após a prisão de Jocimar, o que aconteceu. Voltolini participou do encontro. Richard perguntou a Fabiana se Voltolini estava nervoso ou se aparentava saber de algo prévio à prisão. A secretária negou as aparências.
A depoente Wellen Godoy, indicação de Jocimar a cargo na prefeitura, informou à comissão que Voltolini disse na tal reunião que não tinha conhecimento prévio da situação que levou o parlamentar à prisão. Wellen relatou que ficou surpresa com o depoimento de Voltolini à comissão, em que confirmou que sabia do pedido para repartir salário.
Ainda prestaram depoimento à comissão nesta quarta-feira Cleiton Schmidt, João Fontoura, Natal Lira, Sirley de Jesus Souza Mafra, Daniel da Maia Bueno e João Rossato. O prefeito de Brusque, André Vechi (PL), foi convidado para depor, mas não compareceu. Jocimar vai depor nesta quinta-feira, 25.
Jocimar foi preso em flagrante no dia 30 de novembro pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por suspeita de rachadinha. A prisão aconteceu em frente ao Banco do Brasil, no Centro I, enquanto recebia parte do salário do suplente que ocupava o mandato provisoriamente, Eder, pois Jocimar estava licenciado do cargo.
Posteriormente, foi divulgado que Eder denunciou o caso ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) dias antes da prisão. Jocimar é o terceiro vereador preso durante o mandato na história de Brusque. Ele foi solto no dia seguinte após pagamento de fiança e afastado do mandato por ordem da Justiça.
Desde então, Jocimar optou pelo silêncio, até se manifestar cerca de 20 dias após a prisão. Eder, ainda quando ocupava o mandato, apresentou o pedido de cassação de Jocimar, aprovado pelo plenário da Câmara. Assim, foi formada a comissão processante que analisa a denúncia.
Após o período de licença de Jocimar, Eder deixou o cargo. Em razão do afastamento, porém, o então diretor-geral do Zoobotânico, Voltolini, primeiro suplente de vereador pelo DC, assumiu a cadeira de Jocimar na Câmara por tempo indeterminado.
Na primeira entrevista que concedeu à imprensa depois do episódio, Jocimar se defendeu. “Fui envolvido em um golpe terrível para destruir a minha imagem”, disse. A defesa alega que houve um conluio entre suplentes, com a suspeita da participação do hoje vereador Voltolini.
Voltolini negou a acusação. “Com os fatos que aconteceram até então e essa última situação agora, ele perde um grande amigo”, disse ao jornal O Município após a alegação da defesa. Maria Silvana também é apontada pela defesa como integrante do tal conluio.
Nos bastidores, a prisão de Jocimar pegou políticos de Brusque de surpresa. As informações começaram a chegar aos ouvidos de vereadores, assessores e servidores da prefeitura no início da noite do dia da prisão. Jocimar era membro da base de apoio do governo Vechi na Câmara.
Dias após a prisão, o prefeito se manifestou. Vechi, que antes de se filiar ao PL integrava o partido de Jocimar, disse que “qualquer relacionamento político com o vereador Jocimar está cortado”. Além disso, o prefeito afirmou que, caso fosse parlamentar, “avançaria na linha” de um pedido de cassação.
De acordo com o artigo 84 do regimento interno da Câmara de Brusque, a comissão processante é formada para apurar denúncias apresentadas contra vereadores, prefeito, vice-prefeito e outros. Na ocasião, a comissão que investiga o pedido de cassação de Jocimar é formada por três vereadores.
A rachadinha, crime no qual Jocimar é acusado, trata-se na prática do repasse do salário de um terceiro, como assessor ou suplente, ao parlamentar. Nesta específica ocasião, o vereador afastado é suspeito de exigir 50% do salário do suplente Eder em troca de um mês no cargo de vereador.
Leia também:
1. PP se aproxima do governo Vechi, mas vereador garante que não entra para base
2. Novas informações são divulgadas sobre acidente na rodovia Ivo Silveira
3. Edital para nova gestão do Hospital de Guabiruba deve ser lançado até março
4. Sine Brusque divulga mais de 40 vagas de emprego; veja oportunidades
5. Secretaria de Educação inicia seleção de diretores para vagas remanescentes
“Estrangeiro na própria Itália”: dialeto bergamasco de Botuverá é um dos mais distantes do italiano: