A lei 3.966 foi promulgada em março do ano passado, criando oficialmente no município o Programa de Teste Vocacional para os alunos do 9° ano das escolas municipais de Brusque.
De autoria do ex-vereador Alessandro Simas, do PSD, o projeto de lei aprovado pela Câmara não previu nenhuma necessidade de regulamentação. Estipulou apenas que os testes seriam aplicados gratuitamente a todos os alunos.
Determinou, ainda, que os testes seriam programados e aplicados por equipes técnicas especializadas na área de Psicologia e Psicopedagogia da Secretaria de Educação.
As demais condições dos testes, conforme a lei, ficariam totalmente a cargo da prefeitura. À época da votação do projeto, Simas justificou a proposta como uma forma de “dar condições para que o jovem tenha um rumo na vida”.
Ele salientou, quando da votação do projeto, que a criação do programa não acarretaria custos para a prefeitura, uma vez que profissionais já atuantes na área de educação poderiam aplicar os testes.
Programa não saiu do papel
Os testes vocacionais no 9º ano, entretanto, não saíram do papel. Tampouco há previsão de que venham a acontecer, segundo a Secretaria de Educação.
Segundo o secretário da pasta, José Zancanaro, o teste vocacional no 9º ano “é muito precoce”.
“No 9º ano, é feita uma sondagem de aptidões, ele [aluno] é muito novo e não sabe ainda o que quer na vida”, avalia. “Na realidade, os testes vocacionais são feitos no ensino médio, com 15, 16 anos”.
Zancanaro afirma que este trabalho é, prioritariamente, de responsabilidade do orientador educacional, figura frequente no Ensino Médio décadas atrás, que agora está voltando a ser contratado pelo governo estadual.
“O aluno do Ensino Médio já tem uma formação mais apurada, já sabe o que quer da vida, isso é detectado através do orientador educacional que desenvolve esse papel”, explica.
Sondagem de áreas de interesse
Para o 9º ano, ele afirma que a secretaria faz um trabalho mais superficial de sondagem de áreas de interesse dos alunos. Esse trabalho, explica, é voltado sobretudo aos que demonstram pouco interesse pelos estudos, para os quais a pasta busca encaminhamento para educação profissionalizante, no Sesc e no Senai, por exemplo.
Conforme o secretário, portanto, a legislação, por ser municipal, tem efeitos restritos, uma vez que a prefeitura não tem sob sua responsabilidade o Ensino Médio, que está a cargo do estado.
“[No 9º ano] não se consegue ainda detectar na criança o que ele quer fazer. O ideal é que se faça esses testes vocacionais no ensino médio”, ressalta Zancanaro.