Em um prédio na rua João Bauer, Nelson Bruno Krieger, de 62 anos, comanda uma equipe de 15 colaboradores empenhados em um só objetivo: facilitar o comércio exterior de dezenas de empresas de Brusque, de Santa Catarina e de outros estados.
Há 22 anos ele dirige a Nelson Importação e Exportação, empresa que leva o seu nome e que já alavancou negócios de outras centenas de empreendedores.
A marca da empresa está em diversos negócios de sucesso em Brusque, aliás, alguns deles já documentados na série de reportagens Herança Empreendedora.
É uma tarde de quarta-feira, e seu Nelson aponta para o exemplar de O Município que está sobre sua mesa. Ele conta que vários de seus clientes têm sido tema das reportagens, já que a Nelson Importação administra os processos de importação e exportação para eles.
Hoje, são em torno de 40 clientes que importam e exportam regularmente, os quais exigem atendimento diário. Além disso, há cerca de outros 50 que realizam exportações e importações de forma esporádica.
Em regra, a Nelson Importação faz a parte burocrática de documentação e logística dos processos de importação e exportação para pequenas e médias empresas, que não atuam seguidamente no mercado externo.
“Quando atingem determinado patamar e as importações e ou as exportações passam a ser constantes, as empresas criam um departamento de comércio exterior internamente e passam a ‘andar com suas próprias pernas’”, explica.
“Várias empresas de Brusque, que hoje são grandes importadores, iniciaram suas atividades no comércio exterior através da Nelson Importação”, explica.
O início: da Schlösser para a sala de casa
A expertise em comércio exterior que consolidou a empresa começa bem antes de sua fundação, ocorrida em 1995. Seu idealizador trabalhou por mais de uma década no departamento de comércio exterior da Companhia Industrial Schösser, até que, no início dos anos 1990, passou a articular seu voo solo.
Na companhia centenária, ele atuou no departamento que era responsável pelas compras da empresa no mercado externo, e geria todo o processo burocrático de importação. “Achei que daria para voar sozinho, na mesma função em que eu atuava na Schlösser”, explica.
“Comecei aos poucos buscando clientes em Brusque e que na minha opinião poderiam ter acesso ao mercado externo. Com o trabalho desenvolvido e com a abertura de mercado ocorrida na época, a Nelson Importação ficou conhecida e novos clientes começaram a buscar informações sobre como atuar no mercado internacional”.
Da Schlösser, ele passou a trabalhar inicialmente em uma sala na sua própria casa, e aos poucos a empresa foi crescendo.
“Hoje, temos uma gama de clientes que já abrange todo o Brasil, isso em razão, principalmente, da nossa eficiência ao longo desses 22 anos, e da experiência que adquirimos neste ramo”, afirma Krieger.
Cuidados com os processos do início ao fim
O comércio internacional exige muitos cuidados. Seja com a legislação ou com a logística, o menor descuido pode gerar transtornos e prejuízos aos empreendedores, por isso, a Nelson Importação e Exportação atua de forma criteriosa, para garantir a satisfação do cliente.
Segundo o proprietário, que hoje dirige a empresa ao lado da esposa Rosana e da filha Francine, a atuação mais destacada da empresa tem sido com os chamados regimes especiais de importação e de ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e prestações de serviços), que são regimes de incentivos a importadores e exportadores brasileiros, gerando redução no custo final do processo.
A Nelson Importação e Exportação busca, no seu dia a dia, soluções para todos os processos, e os acompanha passo a passo, de forma a garantir uma operação segura.
Atualmente, 70% das importações realizadas ali são provenientes da Ásia, o que exige ainda mais cuidados da empresa. Com o fuso horário de 12 horas adiantadas, sempre é necessário ter plantonistas para resolver problemas em horários alternativos.
“Sempre temos uma pessoa de plantão que está apta e disponível para responder questionamentos de imediato, qualquer hora da noite aqui. Não tem como escapar dessa necessidade de contato direto”, explica.
A mesma coisa acontece nos fins de semana: como na noite de domingo no Brasil já é manhã de segunda-feira na China, o trabalho não pode parar, e é preciso destacar alguém para contatar os fornecedores.
A empresa, dessa forma, fomenta o desenvolvimento de outros negócios, mostrando os caminhos do comércio internacional.
“Na medida do possível procuramos auxiliar os clientes nesta empreitada, tanto na exportação quanto importação, promover a logística e a documentação, a segurança em si de todo o processo”.
Economia: adaptação às novas realidades
Acostumado a ver reviravoltas na economia nacional, Krieger não perde a calma quando questionado sobre o efeito da crise econômica nos negócios.
“O empresariado em geral colocou o pé no freio, principalmente na aquisição de novos maquinários”, começa dizendo.
“Entretanto, houve aqueles que apesar do mercado interno não evoluir, continuaram a importar, principalmente a matéria prima. Esses empresários souberam aproveitar o momento e se destacaram”.
Para ele, a economia já está com novo ânimo. O mercado já começa a aquecer, com os empresários buscando novidades e diferenciais para seu parque fabril, principalmente maquinário, visando a retomada do crescimento.
“Dependemos muito da estabilidade política e econômica do nosso país, precisamos nos adequar e adaptar às novas realidades”, afirma.
Importação e fortalecimento da produção local
“O comércio mundial é uma estrada de mão dupla, se não compro de ti, tu não compras de mim”, afirma Krieger, ao opinar que não vê com bons olhos o protecionismo no mercado.
“O protecionismo, num primeiro momento, parece ser uma boa coisa, mas não realidade não é. As portas do comércio exterior devem ser totalmente abertas para o desenvolvimento do país”, afirma.
Segundo ele, a busca de novas tecnologias tem gerado, nestas últimas décadas, desenvolvimento da indústria local.
“Pois ao adquirir uma nova máquina, estamos adquirindo também novos conhecimentos técnicos que, via de regra, favorecem toda a cadeia produtiva”.
Ele cita como exemplo as tinturarias: “Dez anos atrás todo o maquinário era importado, hoje 90% já é fabricado no Brasil. Isso é desenvolvimento”.
Com pensamento progressista, e na estrada do comércio exterior, Krieger quer estar sempre um passo a frente. A legislação e os procedimentos, diz, mudam rapidamente, e o que hoje vale pode não valer daqui a três meses.
“Temos que estar sempre atentos para evitar multas e penalidades aos clientes”.
Ser respeitado pelo trabalho desenvolvido para ele é o mais importante, e é esse respeito e confiança do mercado que norteia a administração da empresa e já pode ser percebido no trabalho desenvolvido por sua sucessora.
“Esperamos cada vez mais crescer e ajudar a indústria de Brusque e região a se modernizar. A Nelson Importação e Exportação está disponível para ajudar no desenvolvimento de toda a região”, conclui.