Formada em Moda e com experiência de alguns anos trabalhando no setor têxtil, Michele Gevaerd Pereira, 38 anos, acreditou que estava na hora de realizar um sonho antigo: abrir o próprio negócio.
Corajosa, ela largou um bom cargo e salário e, ao lado da irmã, Moana Gevaerd Schaefer, 39 anos, criou a Vistacor. A estamparia, que começou muito pequena em um galpão alugado na avenida Primeiro de Maio, foi o start para que as irmãs colocassem em prática o primeiro passo da empresa que hoje se destaca no cenário nacional.
“Criar a própria marca, confeccionar e distribuir nossos próprios produtos sempre foi nosso foco. Com pouquíssimo recurso financeiro, o caminho para iniciar a estrutura têxtil seria através da prestação de serviços a outras empresas do segmento. Uma forma segura de começar a angariar fundos para então, correr os riscos da marca própria”, conta Michele.
“De acordo com nossos planos, a estamparia crescia mês a mês, fazíamos as contas financeiras e buscávamos conhecimento diariamente. Com muitos clientes satisfeitos e com excelentes resultados, em 2008, nasceu a Lua Luá, forte, cheia de estilo e graça, muito desejada, mesmo em pequena escala”, complementa Moana.
Nove anos se passaram e hoje a Lua Luá conta com duas lojas conceito, em Balneário Camboriú e Blumenau, e mais de 800 pontos de venda em todo país, por meio das lojas multimarcas.
Paralelo à administração da marca, a estamparia, que deu início a tudo, também continua a todo vapor. A empresa produz as estampas da marca e também conta com clientes terceirizados, muitos lá do início e que hoje são motivo de orgulho para as empresárias.
“A capacidade de produção da estamparia é bastante alta, a Lua Luá não supre a demanda, por isso, temos grandes parceiros que continuam com a gente e que fazem a estamparia também ser um sucesso”, diz Michele.
Pronegócio deu visibilidade nacional à marca
As tradicionais rodadas de negócios promovidas pela Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr), foram a principal vitrine da Lua Luá no seu início.
Michele e Moana aproveitaram o evento para lançar suas primeiras coleções e montar seus primeiros catálogos, pois ali, naqueles quatro dias, tinham a possibilidade de fazer contatos e estabelecer parceiros lojistas, e assim aconteceu.
“Foi um trabalho de formiguinha. Começamos por meio da Ampebr, que através do associativismo realiza grandes negócios. Foi um excelente início”, recorda Michele.
“Paralelamente, selecionávamos representantes e em seguida estávamos nas principais feiras de negócios do Brasil. Hoje, contamos com um time de vendas com 32 representantes cobrindo todo território nacional”, destaca Moana.
Produtos inovadores que despertam desejo
Como estilista e pesquisadora de Moda, Michele conta que identificou uma oportunidade de mercado no ramo de pijamas diferenciados.
“O pijama tradicional, que estávamos acostumados a comprar, já era muito bem feito por empresas consagradas e maravilhosas, principalmente de nossa região. Para Lua Luá ser relevante num mercado forte com empresas que admiro tanto, busquei um outro olhar para nossas criações, um espaço que seria só nosso”.
As irmãs se orgulham em ter a marca nas principais vitrines do país, como objeto de desejo de tantas pessoas. Atualmente, a Lua Luá produz em torno de 100 mil peças por mês. São lançadas duas coleções por ano, verão e inverno, e cada uma é composta por cerca de 300 itens.
Recentemente, a marca entrou também na linha bebê, com pijamas do tamanho 1 ao 3. Além disso, conta com pijamas feminino e masculino adulto, kids, teen e acessórios. No inverno, a marca produz a linha homewear, que são roupas mais confortáveis para ficar em casa e, no verão, tem a linha Sea You, que é a linha praia, mais um sucesso da marca.
“O universo dos pijamas é muito carinhoso, envolve toda a família. É um momento que todos estão reunidos, por isso, fomos pioneiros em fazer uma linha para a família toda, pai, mãe e filhos”, lembra Michele.
Atualização constante e paixão pelo que faz
As irmãs contam com 90 colaboradores diretos, tanto da estamparia quanto da confecção. Para elas, a paixão da equipe pelo trabalho é grande parte do sucesso da empresa, já que por meio do pijama conquistou-se toda uma cadeia sustentável.
As empresárias têm uma grande preocupação com a produção dos produtos e com os colaboradores. “Nos orgulhamos de ter colaboradores que estão com a gente há 13 anos, desde o início. Nos preocupamos muito se todos estão satisfeitos, se estão se realizando, se estão felizes. Se hoje a Lua Luá é reconhecida nacionalmente, é por causa deles, que trabalham com tanta paixão”, avalia Michele.
Há três anos, a empresa mudou para sua sede própria, no bairro Nova Brasília, depois de passar por muitos apertos, entre eles, uma enxurrada, nos primeiros meses da confecção. As empresárias sempre tiveram coragem para arriscar e, nesse período de crise, colhem os frutos da administração arrojada presente na marca desde o início.
Michele afirma que a retração econômica foi sentida, entretanto, por ser uma empresa saudável, estruturada e ter produtos de desejo, os reflexos não foram fortes.
Com isso, a Lua Luá cresceu 30% durante a crise e pouco sofreu com a inadimplência, já que os clientes precisavam de seus produtos para alavancar as vendas. “Conseguimos ter um crescimento grande, mediante a tantas empresas que tiveram que sair do mercado e outras que tiveram que se reinventar, mas a gente já estava reinventada. Nós já nascemos com esse DNA, de olhar para o comportamento, de não fazer mais do mesmo. Num momento de crise, o mais do mesmo não tem espaço”.
Moana, que é a responsável pela parte administrativa e comercial da marca, avalia que a empresa saiu muito mais forte da crise. Agora, a expectativa de crescimento é em torno de 15% por coleção.
Habilidade de correr riscos e expansão
Desde o início, com a estamparia, as irmãs sempre foram em busca de desafios, e essa habilidade de correr riscos é o que as levou a dar mais um passo: apostar em campanhas internacionais para a marca.
Para a coleção verão 2016, a Grécia, depois, Burghley House Palace em Stanford, na Inglaterra; África; Nova York, nos Estados Unidos; e agora para o verão 2018, a marca se volta para o Brasil, com a campanha feita nos Lençóis Maranhenses.
Tudo isso, entretanto, foi feito com muito planejamento, já que uma campanha internacional, com profissionais de renome no mundo da moda, ainda é um sonho distante de muitas marcas com mais anos no mercado. “Os riscos têm que ser calculados. Quando se entende que se tudo der errado, você ainda estará em pé, então tudo bem correr esse risco”, diz Michele.
A velocidade com que a marca cresceu já despertou interesse de muitos investidores. Moana destaca que há propostas de franquias da Lua Luá para o país todo, porém, no quesito parcerias, as empresárias são muito cautelosas. “Poderíamos estar muito maiores, existem projetos gigantescos com a marca, mas preferimos seguir no nosso ritmo. Somos bastante centralizadoras quando se fala em parcerias”.
Para o futuro, as irmãs estão apostando na expansão das lojas próprias da marca. A intenção é levar as lojas conceito para os grandes centros e, assim, aproximar a Lua Luá de seu consumidor. “Nunca vamos estar satisfeitas onde estamos. Sempre queremos mais. Hoje, se você ficar apenas na zona de conforto, já está para trás”, diz Moana.